Conheça o Projeto Direitos Humanos e Infâncias em Movimento
O fenômeno migratório é uma pauta urgente na agenda política internacional. Atentos aos números nacionais que compreendem cerca de 75 mil pedidos de regularização de venezuelanos em Roraima, entre 2015 e 2018 (CASA CIVIL) e sabendo que no processo de migração, as crianças são historicamente mais vulneráveis, o Brasil Marista amparado pela União Marista do Brasil, Província Brasil Marista Sul Amazônia, Centro Marista de Defesa da Infância e Avesol se juntaram à Paróquia Consolata e o Instituto Migração e Direitos Humanos (IMDH) para criar o Projeto Infâncias em Movimento e Direitos Humanos.
O projeto trabalha com a perspectiva de articulação em rede e contribuição com o Sistema de Garantia de Direitos de Boa Vista no atendimento às infâncias e juventudes migrantes e brasileiras em situação de vulnerabilidade.
Cecília Heleno, assessora do Centro Marista de Defesa da Infância, explica o projeto “o Direitos Humanos e Infâncias em Movimento pretende atender crianças migrantes e brasileiras, em especial crianças em situação de rua, no espaço da Paróquia Consolata. A proposta é ressignificar este espaço de acolhida e pensar em uma proposta educativa que possa contribuir na redução da vulnerabilidade e dos riscos que as crianças estão expostas. Foi construído um percurso formativo para os educadores, pensando em abordar questões relacionadas aos direitos das crianças, território, violações de direitos, sistema de garantia de direitos, subsídios metodológicos. Também será feito um acompanhamento do planejamento pedagógico. A formação presencial faz parte deste percurso formativo. A proposta foi contemplar questões como a organização do atendimento, práticas educativas e temas relacionados ao sistema de garantia de direitos. É uma etapa para o início dos atendimentos” completou.
Projeto Direitos Humanos e Infâncias em Movimento
Tem como objetivo contribuir na formação dos educadores e voluntários responsáveis pela acolhida de crianças na Paróquia Consolata, na perspectiva do direito ao brincar e do desenvolvimento integral das crianças; pretende ressignificar o espaço destinado para acolhida de crianças atendidas na Paróquia, considerando a convivência, a humanização, a ludicidade, a investigação e o sentimento de pertencimento territorial e fortalecer o direito ao brincar na infância por meio da promoção de atividades lúdicas que reconheçam as práticas culturais próprias das crianças.
O projeto é uma resposta ao diagnóstico realizado por instituições que atuam no território sobre a necessidade de atendimento às infâncias que participam direta ou indiretamente das ações na Paróquia Consolata. Atua com as metodologias Territoriar e Brincadiquê, ativando a percepção do espaço como um terceiro educador e fortalecimento do direito ao brincar, a fim de reconhecer as identidades individuais e facilitar o processo de integração da criança na comunidade local.
Itinerário e percurso educativo
Entre os dias 16 e 17 de maio ocorreram 16h horas de formação presencial, que completam parte do percurso formativo de educadores e voluntários para atuação no projeto, contando com temas relacionados a: território, espaços educativos, legislação, direito ao brincar, brincar entre gerações, resgate de brinquedos e manifestação artística e sistematização das práticas.
A formação contou com a presença de Viviana Rosa, educadora na Escola Social Marista Ir. Henri que contribuiu com as aprendizagens.
Os voluntários farão atendimento diário no espaço disponível para acolhida e atuarão na valorização das identidades das crianças atendidas; no reconhecimento das infâncias nas suas relações com o território; na promoção do Direito ao Brincar; na perspectiva de educação integral; na promoção do intercâmbio cultural e a não discriminação entre crianças atendidas; no fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários por meio da convivência; do uso de múltiplas linguagens e no estímulo da construção de identidade comunitária e consciência coletiva.
Para Maria de Nazaré, educadora do projeto e aluna de Educação no Campo, participar da formação trouxe uma nova forme de ver o brincar. “Entender que o brincar é importante no processo de desenvolvimento da criança, para que ela seja autônoma. Mas como brincar também é importante. Construir brinquedos coletivamente proporciona uma autonomia da criança em um processo de desenvolvimento pessoal. A proposta do projeto de incluir crianças brasileiras e estrangeiras vem falar que o importante é ser criança, estar em um momento de brincar sem perder a identidade originária. Importante no processo emancipatório da criança e de confirmação da identidade enquanto sujeito. Estou ansiosa com o início do projeto, pois acredito que o que é importante não é a nacionalidade. Trabalhar território, infância e brincar foi importante para entendermos como promover esta existência pacífica entre a comunidade que acolhe e a que chega”.
Já Luyandria Santos Maia, participante do IMDH- Comitê Local, os dias de formação foram muito importantes para entender os limites dos educadores, ter noções de questões do ECA e da legislação e como o trabalho do educador vai além do atendimento à criança. “ Durante o nosso período de formação, entraram algumas crianças que brincaram com a gente. Isso mostra que a sala já está chamando as crianças. O IMDH está bem animado com este projeto. Como a Irmã Rosita colocou, nós tínhamos uma preocupação com as crianças que acompanham as mães quando elas chegam para fazer a documentação. E esse espaço de educação informal, pode ser que acrescente algo na vida das crianças. E que elas possam ajudar a construir este espaço e se construir também, levar um pedacinho do trabalho dos educadores com elas caso sigam nesse movimento de ir e vir” contou.
O Projeto Direitos Humanos e Infâncias em Movimento faz parte de um propósito maior que envolve o Brasil Marista em ações de voluntariado, acolhida e acompanhamento de migrantes, reforçando nosso compromisso com a solidariedade na busca pelo bem comum, na promoção e defesa dos direitos, preferencialmente com os pobres e excluídos que vivem em situação de fronteira, criando laços de responsabilidade recíproca e equânime na construção da paz, da justiça socioambiental, como sinal de esperança no mundo.